quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Eu e o pranto

Quatro horas da manhã. Ando meio torto pela rua. Os risos dados há pouco são abafados por esse rosto agora molhado. As pernas são levadas pela embriaguez. A boca, antes inquieta, agora se cala. O queixo tremula, o peito soluça. Os joelhos tombam ao chão. Agora, as mãos vão de encontro ao rosto. Sinto vontade de correr, de suar, de morrer... Um grito é abafado. Agora, sentado em cima das canelas, sinto as lágrimas encharcarem-me o rosto.

A cabeça tem vida própria, e balança compulsivamente para os lados. Nem eu entendo as razões do pranto. Nem ele me entende. Somos dois: Eu e o pranto. E ele me comanda. Travamos uma guerra eterna... Minha consolação, é que em minutos ele se torna fraco, e eu consigo sobrepor-me, levantar-me e ir embora...


E o sorriso vem fácil. E assim tão fáceis são os abraços. E os suspiros, as lágrimas, os tremeliques, ficam na memória, dando força ao pranto que novamente vira vitorioso.

E espero isso impacientemente. Pois é a derrota que me fortalece.

2 comentários:

Jamile Marcellino disse...

Chorou no ponto!
Pagante imbecil,
subiu os degruas,
e enxugou as lágrimas
em palavras comuns.

E disse adeus,
ao fingimento.

Voltou a entristecer.

Teka disse...

Adoro esse tipo de texto que agente vai lendo e o coração acelerando, o corpo lembrando esses sintomas, e chega nas últimas linhas, as mãos suam e agente respira fundo...

foda demais, adoro, muito bom!

xD