segunda-feira, 7 de abril de 2008

Crônica de um intestino escroto.


Hoje eu tive um acesso de dor-de-barriga. Desses que todos, vez ou outra, tem, nos piores lugares. Penso que nosso intestino é um grande filho da mãe, no pior sentido da expressão. Estava em casa durante toda a manhã, mas o meu intestino quis esperar até às 7:40, só pra me pregar uma peça.
Cheguei a entrar e sair do banheiro umas quatro vezes. O local era o típico mictório de faculdade: extremamente entupido. Usava o subterfúgio narcisista do espelho. Fingia estar dando um jeito na barba, inventava um fio desarrumado no cabelo... A cena era hilária: um perfeito perfeccionista de sua aparência - com embrulhos audíveis na região abdominal - de camiseta, bermuda e sandálias destas de borracha.

Fiquei na escolta da porta do banheiro por quinze minutos, que demoraram duas horas para passar, aproximadamente. A essa altura, eu ja suava horrores.
Quando o ruído da minha barriga evoluíra para um barulho quase ensurdecedor, eu resolví que era a hora exata de tentar mais uma investia rumo à privada. Neste momento, a bondosa servente, mulher trabalhadora, resolve interditar o acesso ao meu desejado objetivo. "Filha da puta!!!", pensei no momento. Resultado? Tive que esperar mais uns dois dias (cinco minutos), já visivelmente desesperado e com ódio à coitada da zeladora estampado nos olhos, para poder, enfim, descarregar os resíduos mortais que me atormentavam.

Depois de uma espera petrificante, vejo que a moça sai do banheiro masculino afim de continuar seu trabalho ao lado, no feminino. Como ela fechara ambos os banheiros, afim de realizar seu trabalho, o momento me pareceu perfeito. Pobre de mim, iludido. Esqueci que a perfeição não existe.
Adentrei o ambiente vazio. "É agora!". Sem pestanejar, sentei-me no vaso, tranquilo, deixando o local completamente fétido, diga-se de passagem, o que era completamente compreensível.

Foi aí que deu-se a bagaceira: alguma turma de algum curso acabara de ser liberada. Neste exato momento, a servente, bondosa como uma santa, desobstruiu a entrada dos sanitários. Foi uma invasão desenfreada de jovens barulhentos, enlouquecidos... e eu naquele cubículo fedorento e em total estado de pânico. Minha respiração, meus batimentos cardíacos, tudo cessou por alguns minutos menos... o barulho das malditas flatulências fedidas, as quais eu não tinha a menor condição de segurar.
E um silêncio constrangedor tomou conta do recinto, seguido de perto por uma crise de riso generalizada. Por parte deles, é claro. Da minha parte, apenas berravam os flatos, seguidos de quilos (ou litros?) de merda muito malfeita, vale ressaltar. O meu alívio só veio quando o silêncio voltou a reinar no local.

Resolvi sair rápido do maldito cubículo. Pelo menos, papel-higiênico tinha. Voei para o lado de fora, aonde pude notar que outro grupo - ou seria o mesmo? - se dirigia ao meu encontro.
E novamente lá estava eu, utilizando o espelho como desculpa, fingindo olhar as falhas da minha barba. "Dei descarga? Ah, pouco importa... eu vou pro inferno, mas nao volto lá dentro.".

6 comentários:

Alter Ego disse...

AUHUHAAHAUHAUHAUAHUAHAHA
AHUAHAUHAUHAUAHAUHAHAAUHAUHAA
AUHAUHAUHAAUHAUHAUHAUH menine, to rachando de ri aqui, adorei o texto UAHAUHAUH, tipo, caso verídico? auhauha o mais engraçado foi como vc usou e abusou do eufemismo para demonstrar tais circunstâncias "flatulências fedidas" é ótimo auhauhauhauha.
Adorei, vou vir sempre aqui ;D
beijooos

Ianna Andrade disse...

hueheueeueheueeeuheueheueheue ;D
texto muito bom Rafael! =D

E o q mais vale no caso.. o fato de q todo mundo ja passou por isso um dia na vida! hahaha e se n passou, ainda irá passar! kkkk!

Deei muuuita risada! =]
Adorei a crônicaaaaaa!

Beeeijos.
;*

Jamile Marcellino disse...

Mó merrrrrrda hein?

E minha caneta que escreveu
toda essa bosta..
Hiuhaeiueah

TÁ DEMAIS RAFA!

Beijo grande meu amigo...

indiozin disse...

muito bom!
adorei...vamos fazer arte no buzu agora!
vc escreve bem pra caralho,eh super engraçado tambem,juntou comigo pq tudo que eu escrevo eh motivo de risada!
um abraçaooooooooo

Priscila Letieres disse...

agooooooooooora tô bem
HAHAHAHAHAHAHAH

as gargalhadas que faltavam apareceram!!!

muito bom rafa, destacaria algumas partes, mas pô, eu dava TUDO mesmo pra ver vc saindo do banheiro com maior cara de 'lálálá, né comigo não' AHHAHAHAHAHA

lhe adoro rafaaa!

Freixo disse...

É! Quando a gente tá sóbrio, esse tipo de situação é uma merda! E o filha da puta do intestino SEMPRE espera a gente sair de casa. Mas não é só abrir a porta e sair de casa. A porra começa mais ou menos quando o caminho de volta para casa começa a se tornar muito mais distante que o caminho que falta para se alcançar o nosso destino...

Quando se está bebado, por outro lado, a situação fica muito mais tranquila. É só chutar aquela porra do X feito com dois cabos de vassoura formando um simbolo proibitivo, dar uma "Boa tarde" em tom de "Não importa o que você diga, eu vou cagar" pra a funcionária responsável pela limpeza, sentar, acender um cigarro, cagar, limpar a bunda e sair da cabine com todo mundo te olhando ao mesmo tempo em que desejam estar sentido aromas melhores (como os que devem emanar das profundezas do inferno), lavar as mãos e sair do banheiro com uma postura mais altiva que a de um maldito imperador chinês... Ahh.. que falta eu sinto da bebida...