sexta-feira, 11 de abril de 2008

Aula, maldita aula.


Estou aqui sentado há umas duas horas, mais ou menos. Até agora não entendi uma só palavra do que foi dito nesta sala. Minúscula, vale ressaltar. Um claustrofóbico entraria em pânico com a minha descrição deste local. Não que eu tenha lá um grande dom de descrever. Mas é que o negócio é complicado aqui mesmo.

A aula se tornou tão incompreensível, que tem uns vinte minutos do filme “o auto da compadecida” passando em minha cabeça. As pessoas ao meu redor me olham incrédulas, tentando perceber qual é a graça no “estudo das ideologias e filosofia da linguagem”. As moças ao meu lado já releram o texto de Bakhtin umas três vezes, buscando o teor hilário do autor.

O pior de tudo é que eu estou me sentindo um completo ignorante aqui, meio a tantos estudiosos. Digo isso por que quando corro os olhos pela sala todos, sem exceção, estão praticamente fritando suas canetas e ateando fogo aos cadernos, devido ao atrito intenso entre ambos.

Neste momento estamos em um aguardado intervalo. Tem uma garota recebendo uma massagem de outra. Ambas são belíssimas e eu estou me segurando para não picotar esta escrita e começar um conto erótico. Ih... Parece que elas tiveram acesso aos meus pensamentos pútrefos, pois a massagem cessou repentinamente.

Levanto para tomar um cafezinho – que é grátis aqui! – mas a professora, um amor de pessoa, já recomeçou a falar novamente. Eu cheguei a me flagrar rezando para que caísse a energia, que caísse um poste, que caísse o que quer que seja, mas que algo parasse esse martírio interminável.

“O auto da compadecida” já está na metade, quando eu começo a pensar: “se eu fosse um daqueles americanos loucos, eu já teria sacado uma arma e distribuído uma saraivada de balas aqui”. Imediatamente meus olhos correm pela sala. “Mas não tem câmera aqui. Não ia ter graça.”. Não se preocupem, eu mesmo fiquei estarrecido com meu próprio pensamento.

Agora a professora discute uma passagem do texto com um rapaz. Bondade minha, os poucos cabelos que lhe restam já são completamente pálidos. Rapaz que faz ressalvas durante quase todo o tempo da aula... Pronto! Agora foi que deu-se! A massagista começou a falar. Ela tem um sotaque espanhol, castelhano, sei lá. Sei que, se eu já tinha pensamentos pecaminosos em relação à coitada, agora é que a aula foi pras cucuias de vez. Eu não consigo mais parar de olhar pra massagista espanhola. Ela deve estar pensando (?) que eu sou um tarado sem vergonha.

Depois de assistir a essa aula, eu só posso chegar a duas conclusões: Ou eu desaprendi o português, ou a professora leciona em nagô. Ao final de tudo, a miserável ainda me inventa de perguntar: “Como foi que o Marxismo conseguiu ficar na história, sem o estudo da Semiótica?”

“Sei não” – Pensei – “Só sei que foi assim.”. E tive que sair da sala pra poder explodir em gargalhada.

3 comentários:

Larissa Meira. disse...

Sou suspeita pra falar dps seus textos. Eu adoro ler beba cicuta
;)
muito bom, gordinho!
=*

Anônimo disse...
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Taisa Sganzerla disse...

Massagista espanhola é covardia, né? Hahaha!

beijo!