Hoje eu tive um acesso de dor-de-barriga. Desses que todos, vez ou outra, tem, nos piores lugares. Penso que nosso intestino é um grande filho da mãe, no pior sentido da expressão. Estava em casa durante toda a manhã, mas o meu intestino quis esperar até às 7:40, só pra me pregar uma peça. Cheguei a entrar e sair do banheiro umas quatro vezes. O local era o típico mictório de faculdade: extremamente entupido. Usava o subterfúgio narcisista do espelho. Fingia estar dando um jeito na barba, inventava um fio desarrumado no cabelo... A cena era hilária: um perfeito perfeccionista de sua aparência - com embrulhos audíveis na região abdominal - de camiseta, bermuda e sandálias destas de borracha.
Fiquei na escolta da porta do banheiro por quinze minutos, que demoraram duas horas para passar, aproximadamente. A essa altura, eu ja suava horrores. Quando o ruído da minha barriga evoluíra para um barulho quase ensurdecedor, eu resolví que era a hora exata de tentar mais uma investia rumo à privada. Neste momento, a bondosa servente, mulher trabalhadora, resolve interditar o acesso ao meu desejado objetivo. "Filha da puta!!!", pensei no momento. Resultado? Tive que esperar mais uns dois dias (cinco minutos), já visivelmente desesperado e com ódio à coitada da zeladora estampado nos olhos, para poder, enfim, descarregar os resíduos mortais que me atormentavam.
Depois de uma espera petrificante, vejo que a moça sai do banheiro masculino afim de continuar seu trabalho ao lado, no feminino. Como ela fechara ambos os banheiros, afim de realizar seu trabalho, o momento me pareceu perfeito. Pobre de mim, iludido. Esqueci que a perfeição não existe. Adentrei o ambiente vazio. "É agora!". Sem pestanejar, sentei-me no vaso, tranquilo, deixando o local completamente fétido, diga-se de passagem, o que era completamente compreensível.
Foi aí que deu-se a bagaceira: alguma turma de algum curso acabara de ser liberada. Neste exato momento, a servente, bondosa como uma santa, desobstruiu a entrada dos sanitários. Foi uma invasão desenfreada de jovens barulhentos, enlouquecidos... e eu naquele cubículo fedorento e em total estado de pânico. Minha respiração, meus batimentos cardíacos, tudo cessou por alguns minutos menos... o barulho das malditas flatulências fedidas, as quais eu não tinha a menor condição de segurar. E um silêncio constrangedor tomou conta do recinto, seguido de perto por uma crise de riso generalizada. Por parte deles, é claro. Da minha parte, apenas berravam os flatos, seguidos de quilos (ou litros?) de merda muito malfeita, vale ressaltar. O meu alívio só veio quando o silêncio voltou a reinar no local.
Resolvi sair rápido do maldito cubículo. Pelo menos, papel-higiênico tinha. Voei para o lado de fora, aonde pude notar que outro grupo - ou seria o mesmo? - se dirigia ao meu encontro. E novamente lá estava eu, utilizando o espelho como desculpa, fingindo olhar as falhas da minha barba. "Dei descarga? Ah, pouco importa... eu vou pro inferno, mas nao volto lá dentro.".
domingo, 26 de fevereiro de 2012
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