
Eu acho que a vida é sua propria assassina. Me incomoda muito a raridade das coisas. Eu e minha mãe, por exemplo, conversamos todos os dias. Nestas conversas, ela deixa sempre bem claro o seu pragmatismo em relação a mim. Pergunta se marquei o dentista, se fui ao curso semana passada - o qual eu não posso faltar, por que foi carérrimo - , mas raramente quer saber de mim. Apenas cito minha mãe por ela estar presente no exemplo diariamente. Mas isso acontece todos os dias, com as mais diversas pessoas. Inclusive com você. E alguns poetizam a vida. Talvez buscando suberfugiar o fato mórbido cronotativo regressivo que é o viver.
As pessoas vivem no "automático". A robustez, a complexidade da escolha já é vetada ao ser assim que este passa a respirar destes ares. Assim que nascemos, em qualquer lugar do mundo, um carimbo vermelho nos é marcado na testa: CAPITALISTA. Assim, sem te consultar. Sem pedir a sua opinião mesmo. Ninguém escolhe isso. E para que isso não seja jamais questionado, a primeira coisa que lhe é tirada quando você está em formação é a sua consciencia. E para isso, diversas armas estão a disposição dos capitalistas conservadores. Programas de televisão, músicas de baixíssimo teor intelectual, marcas, carros, trabalhos, estudos... aos poucos você nem percebe a sua falta de opção e vai ser mais um no meio de todos.
Pois bem... Não nos prendamos ao fator "capitalismo". Nossas vestimentas, nossos entretenimentos e até nossa alimentação já não nascem de um caráter opinativo individual de uns anos pra cá. As relações interpessoais também recebem esta marca forte do capitalismo. Aprendemos, desde pequenos, a não nos relacionarmos com "pessoas que não levam a lugar nenhum". O engraçado é que as pessoas mais interessantes que eu conheço jamais me levaram a lugar algum. Me deixaram livre, para que eu pudesse escolher aonde ir, como e por que ir. Deixaram livre todos os caminhos, para que eu tomasse o rumo que decidisse.
Os pais perderam a noção dos valores que devem ser passados nas "mesas de almoço", que estão igualmente se extinguindo, vale ressaltar. As conversas estão mudas, reduzidas aos cansaços, às dores de cabeça, às brigas dos pais... Estamos fadados a seguir o sistema, inclusive na nossa forma de sentir. As ruas estão cinzas e pobres. Os pobres vivem nas ruas. A bela natureza está sendo morta, trocada pelo luxo dos apartamentos, cada vez mais aprisionanates. Todo eu é questionado e forçado a não mais sê-lo. E cada dia menos temos o diferencial em nossas mãos. Nem as ataduras são mais responsáveis pela prisão, estamos decepados, surdos, cegos e caminhando para uma vida cada vez mais triste. E assim, a vida mata a vida todos os dias.
3 comentários:
Onde mora o sentido da vida, afinal?
E por esse caminho se a humanidade, até quando chegar ao fim de tudo.
No final das contas, eu só acho que é assim que iria ser de um jeito ou de outro. Nascemos e toda nossa vida se for olhada quando está terminando, iremos ver que tudo pareceu tão igual. Essa rotina que cansa, que não tem nada de novo e que faz parecer tudo mais cinza, sem graça e sem vida. Porque são poucas as pessoas que têm prazer de viver, porque hoje todos nós somos tão iguais -porém, tentando ser diferentes-. O fato é que também temos nos tornado egoístas e o sentimento do outro não tem mais valor, o respeito também não e pouco me importa o que fulano sentiu ou deixou de sentir.
É incrível se analizarmos da época dos nossos bisavôs até hoje, como a humanidade vem regredindo na maioria das coisas. Pela lógica, deveriamos nos tornar melhores com o passar dos anos. Mas, a vida não tem lógica.
:*
Aprendemos, desde pequenos, a não nos relacionarmos com "pessoas que não levam a lugar nenhum". O engraçado é que as pessoas mais interessantes que eu conheço jamais me levaram a lugar algum. Me deixaram livre, para que eu pudesse escolher aonde ir, como e por que ir. Deixaram livre todos os caminhos, para que eu tomasse o rumo que decidisse.
sabe rafa, taí. vc é uma pessoa que não me leva a lugar nenhum, e é POR ISSO que eu me relaciono com vc! que eu lhe adoro
paremos de procurar sentidos, postular conjecturas, e deixemos as pessoas~nos levarem pra lugares-nenhum (pq esse tbm é um lugar)
;)
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