
Hoje eu me lembrei de você. Não tinha lá um motivo especial para o fato. Caminhava pela rua, e um "Jardim das Margaridas" passava por mim. E, neste momento, minha memória, que poderia me agradar com centenas de experiências - que seriam igualmente maravilhosas - preferiu se lembrar de você. Sei que não existe nada de anormal ou fantasioso nisso. Talvez seja simplesmente normal ser presenteado com grandes momentos partilhados com grandes pessoas. Cheguei em casa e, enquanto um cigarro me servia de companhia, eu pensava a respeito do acontecido. Decidi, então, colocar uma música que pudesse ajudar na companhia de dois solitários moribundos - eu e o cigarro - e que tornasse aquele momento ainda mais prazeroso. Me lembro de ter tecido comentários imaginários sobre seu brilhantismo textual, de ter recordado de conversas sobre o nosso "eu", de poesias partilhadas e inacabadas, do seu "alto padrão" e de tantas outras coisas. Agora, Janis Joplin se cala e o cigarro já não pode ser tragado. Um piano e um sax se tornam responsáveis pelo agrado aos meus ovidos. É uma melodia meio triste, linda. Acabei relendo textos como "O diálogo entre o triste e a tristeza" e achei perfeito seu tom, em total sintonia com a música. O mundo inteiro se tornou obsoleto hoje, e tudo foi muito bonito, de um jeito muito simples. E, de repente, eu me peguei agradecendo por ter me lembrado de você. Achei graça do fato, pois não foi nada de especial que me fez agradecer - e nem lembrar. Foi um acontecimento comum, até meio bobo, mas que deu um grande final à um dia "normal". E que as margaridas continuem lindas, quando o inverno chegar e a Primavera se for.
Um comentário:
Lindo, lindo texto!
Mas...
Em salvador não tem primavera nem inverno! Só chuva-quente e sol-úmido!
beijos!
Postar um comentário