Permuta

Não tenho certeza se ensaiei as palavras corretas
Mas o pensamento é vermelho escuro, indecifrável.
A inconstância impertinente do seu desejo em permuta
Trouxe a impossibilidade de um entendimento viável...

E como são, em meus sonhos, doces os teus beijos
Seus abraços me fazem sentir como uma peça de quebra-cabeça.
Tendo nos meus braços o encaixe perfeito
E como era boa a prova da minha errata intensa!

Mas ninguém escuta meus gritos de socorro!
Quando sozinho, me sinto à deriva...
Meus berros mudos que juntos, explodem quase em côro
Pedem a permuta da minha tristeza nativa.

Eu gosto dessa diferença agridoce.
E do pedido mais insano que não se cala aqui dentro
Me pede, implora, recorda quando a mente esquece
Te faz inquilina fiel do meu pobre pensamento.

E meu corpo jaz frio à sua distância
Umedeço os lábios, esperando o seu toque
Na cabeça, pergunto com que certa constância:
Por que não lutas? Por que não dá, ao seu querer, certo enfoque?!

Por que me deixas cuspir palavras sem sentido,
Se elas também soam falsas a você?
Por que não vem, e aceita este pequeno menino
Que aqui te quer, apenas por simplesmente querer?

Por que não esquecer as convenções banais,
E matar essa minha sede de você?
Por que alimentar preconceitos tão triviais,
Se tudo o que ofereço é, no meu peito, o seu espaço?

Fico aqui, com seu agir incompreensível
Decifrando nas minutas seu pensamento
Te deixei livre, como talvez nunca lhe fosse possível
Mas ainda espero ser o alvo de seus sentimentos...

Só pra constar, pequena flor
Certifico-lhe que foi a dona do meu sorriso
Quando achei que podia sentir algo bonito e conciso
Você foi a responsável pelo meu humor...

E mesmo já um pouco cego
Eu sei que posso esperar a luz
Não é por capricho, não é presente pro ego
Que a minha vontade a tí se conduz.